segunda-feira, 26 de abril de 2010

O Brasil quer a Ficha Limpa


"O projeto Ficha Limpa dá inicio a tão esperada reforma política. Ficha Limpa é uma proposta com marca da organização popular por que o texto original foi sugerido pelo Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral e recebeu 1,6 milhões de assinaturas de apoio, coletadas por entidades como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O PLP 518/09 propõe impedir candidaturas de quem tem condenação na justiça. Quem cometer crimes graves como corrupção, contra a moralidade e o erário, tráfico de entorpecentes, estupro e homicídios terão contra si a inelegitibilidade.

Há um clamor popular para aprovação deste projeto, mas enfrenta grande resistência no Congresso Nacional, já que alguns parlamentares não fazem o mínimo esforço para que a matéria entre na pauta de votação.

Tentando amenizar o conteúdo do texto originalmente proposto, afastando o risco de possíveis condenações absurdas em primeira instância, o Deputado Índio da Costa (DEM/RJ) apresentou substitutivo para que o prejudicado recorra ao Tribunal Superior e lá seja julgado por uma Câmara ou uma Turma do Tribunal composta por, no mínimo, três julgadores.

Embora alguns parlamentares sustentem que o projeto não é constitucional, o fato é que a própria Constituição prevê que “lei complementar disporá sobre causas de inelegibilidade”, e assim sendo, devemos cumprir o mandamento expresso na Carta Maior.

Pelo acordo de lideranças, o projeto deverá ser votado até 29 de abril na Comissão de Constituição e Justiça para depois ser apreciado em plenário no mês de maio do corrente ano.

Enquanto aguardamos a tramitação legislativa do Projeto de Lei, torcemos pela sua aprovação para banir os criminosos, qualificando e aprimorando a classe política brasileira."

Jorge Sandi Madruga
Advogado

Madruga esteve no DNIT


Em visita de cortesia realizada ao Sr. Hideraldo Caron (DNIT) em companhia do Assessor do Deputado Federal Henrique Fontana - Jordano Marques - Madruga buscou informações quanto ao prolongamento da BR 101 até a 5ª Secção da Barra e a colocação de reforço asfáltico no trecho que liga Tavares a São José do Norte, obra cuja licitação se dará no mês de maio do corrente ano, importantíssima para o desenvolvimento local por proporcionar uma considerável entrada de receita no Município pela cobrança de imposto sobre serviços, com conseqüente geração direta de empregos.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Madruga em Brasília reivindicando para São José do Norte


O Secretário de Formação Política e Pré-candidato a Prefeito do Partido dos Trabalhadores nortense, Jorge Madruga, representando a Executiva Municipal do PT, deslocou-se à Brasília para cumprir agenda, onde tratou importantes assuntos de interesse da comunidade nortense junto ao Governo Federal e o Congresso Nacional.
Com o Deputado Federal petista Paulo Pimenta foi encaminhado o pedido desta Executiva para destinação de recursos visando o término da pavimentação da Estrada que liga a Sede à Praia do Mar Grosso. De acordo com as tratativas desencadeadas pelo Gabinete do Deputado Pimenta junto ao Ministério do Turismo ficou assegurado o recurso para a obra, desde que o municipio manifeste adesão ao programa SICONV (Sistema de Convênios do Governo Federal) junto ao referido Ministério, procedimento que deve ser manifestado no sítio eletrônico:
https://www.convenios.gov.br/siconv
Informamos o que segue relativo a esta importante demanda encaminhada pelo companheiro Madruga, a qual foi abraçada pelo Deputado Pimenta, que só não será atendida se o Poder Executivo Municipal, através do Sr. Prefeito, não manifestar o devido interesse, ou seja, se o Sr. Prefeito não quiser.
Código do Programa: 5400020100020
Órgão: Ministério do Turismo
Tipo de Instrumento: Contrato de Repasse
Programa atende a: Adminsitração Pública Municipal, Estadual e do Distrito Federal
Nome do Programa: APOIO A PROJETOS DE INFRAESTRUTURA TURÍSTICA - PROGRAMAÇÃO
A Executiva do PT nortense sugeriu ao seu líder de bancada, o Vereador Lauro Bittencourt, que viabilize audiência junto ao Senhor Secretário Municipal do Planejamento para que possamos encaminhar esta demanda.
Na capital dos brasileiros e brasileiras, o companheiro Madruga tratou ainda dos seguintes assuntos:
+ No Ministério da Pesca a respeito de recursos e apoio técnico à COOPANORTE;
+ No Ministério da Justiça solicitou 01 veículo ao Conselho Tutelar;
+ No DNIT sobre o reforço asfáltico para o trecho federal da BR 101, que liga Tavares a São José do Norte;
+ Na Assessoria de Relações com Municípios da Presidência da República tratou a respeito do Programa Habitacional Minha Casa Minha Vida.
Na oportunidade, verificou que o Programa de Aceleração do Crescimento - PAC II contempla recursos para cosntrução de Habitações de Interesse Social para municipios que estejam com Índice de Desenvolvimento Humano - IDH desfavoráveis, como é o caso de São José do Norte.
Neste sentido, a executiva petista nortense sugeriu ao seu Nobre Vereador que se posicione na tribuna a fim de motivar o Executivo Municipal a acessar o referido Programa do Governo Federal, visto que em função da nossa carência, seremos acolhidos com prioridade. Sem falar que o municipio já disponibilizou área para construção de presídio. Quem aporta recursos neste tipo de investimento que não é prioritário para o nosso municipio, com certeza deve manifestar interesse em uma demanda tão importante como esta que visa combater o deficit habitacional, proporcionando moridia digna a muitos nortenses que tanto precisam e merecem.
Ademais, a Executiva do PT nortese avaliou como extremamente positiva a incursão do companheiro Jorge Madruga a Brasília, o qual através de seu prestígio e relacionamento junto a Parlamentares e Governo Federal pautou relevantes temas de interesse da comunidade nortense.

A verdade continua de baixo do tapete do Legislativo


Amanhã fazem 30 dias que as gravíssimas denúncias proferidas pelo ex-secretário da AHMSF aos representantes do povo tornaram-se públicas e pouco foi feito para elucidar a questão. Pouco para não dizer nada mesmo.
Há que se destacar positivamente a ação do vereador Lauro Bittencourt, que vem insistindo na abertura de uma comissão especial para que se apure os fatos apresentados no dia 22 de março.
Quem tem medo da verdade? Por que os demais partidos continuam calados perante denúncias tão graves como as que presenciamos na histórica Sessão Legislativa do dia 22 de março?
A moeda de troca é forte. A final de contas estão em jogo secretarias, cargos, composições para 2012, mandatos e afins.
O que nesse momento para a maioria dos vereadores não está em consideração é o interesse público e o povo.
Eles se perguntam saber pra que?
Você cidadão nortense, pelo andar da carruagem, não tem direito de tomar ciência do que se passa em seu municipio. Isso é privilégio de alguns!
Este é um 'governo transparente'. Aquele da penicilina, lembram? O da 'tabelinha' que mantém o ginásio de esportes quase que sistematicamente fechado, ou em obras.
Não há como pensar diferente diante do que salta aos olhos. A ordem é abafar na cara dura.
Uma manobra simples mas eficiente a considerar a representação que conduzimos ao Poder Legislativo.
Até agora, apenas o PT e o PCdoB vieram a público pedindo que a verdade venha a tona.
Pelo jeito, o tapete é grande e tem bastante gente o agarrando para que tudo fique bem guardado. Mas, nada como um dia após o outro. Enganam-se aqueles que pensam que se enrola muita gente por todo o tempo!!!
"A verdade é filha do tempo." Cedo ou tarde ela vai aparecer, por mais resistente que seja o tapete.

GF estende seguro defeso

O Governo Federal através de uma ação conjunta entre os Ministérios da Pesca e do Meio Ambiente publicou a tão aguardada Instrução Normativa que institui o seguro defeso extraordinário em função da crise que atinge a pesca no estuário da Lagoa dos Patos.
Recentemente foram encaminhadas ao municipio cestas básicas para amenizar a dificuldade que enfrentam nossos pescadores artesanais.
A demanda foi levantada pelo Forum da Lagoa e de pronto atendida pelo GF.
O que se estranha é a ausência de ações por parte dos Governos Estadual e Municipal no enfrentamento desta problemática questão, assim como de algumas 'lideranças' que se autoproclamam representantes dos pescadores.
Falar bobagem é muito fácil. Agir que é bom... Nem pensar!
Que os pescadores reflitam bastante sobre a questão.

'Era Lula' foi a melhor fase da economia brasileira dos últimos 30 anos, diz FGV

Da Agência Brasil

São Paulo - O período de junho de 2003 a julho de 2008 foi a fase de maior expansão para a economia brasileira das últimas três décadas, indica estudo divulgado nesta quinta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV). Nesses cinco anos, a indústria se expandiu, as vendas do comércio registraram alta e a geração de emprego e renda cresceram.

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A análise foi realizada pelo Comitê de Datação de Ciclos Econômicos, coordenado pelo ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore, e teve participação de mais seis economistas.

Segundo o estudo, que considerou dados a partir de 1980, o bom desempenho da economia começou seis meses após a posse do presidente Lula e se prolongou por 61 meses. O segundo melhor período foi entre fevereiro de 1987 e outubro de 1988, na gestão do ex-presidente José Sarney.

O menor período recessivo, de acordo com o levantamento, foi também no governo atual e durou seis meses: de junho de 2008 a janeiro de 2009, quando o país conviveu com a recessão. Mesmo sendo menos afetado do que outros países, o Brasil sofreu nesse período reflexos da crise financeira internacional.

O maior intervalo de baixo desempenho, classificado de recessivo, por se estender por meses seguidos, ocorreu entre junho de 1989 e dezembro de 1991, prolongando-se até janeiro de 1992, num total de 30 meses. Essa fase crítica começou em meio à campanha pela primeira eleição direta para a Presidência da República depois do regime militar (1964-1985).

De acordo com o estudo, nas três décadas analisadas, o Brasil passou por oito ciclos de negócios entre intervalos de fases boas e ruins. Os períodos recessivos duraram, em média, 15,8 meses e os de expansão, 28,7 meses.

Quem se recorda do passado projeta um futuro melhor

Contraf-CUT rebate FHC e recorda política de desmonte aplicada no Banco do Brasil e na CAIXA

Para se defender do que considera "inverdades" e distorções assacadas contra seu governo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso distorceu fatos e enunciou inverdades sobre os seus oito anos de gestão, em artigo que publicou em vários jornais do país no domingo 7 de fevereiro, com o título Sem medo do passado.

Em tom indignado diante do confronto desfavorável entre o seu governo e a atual administração, o texto de FHC manipula e omite informações e força a barra sem pudor nas análises comparativas. Ele afirma, por exemplo, que seu governo fortaleceu o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, que teriam sido "libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado".

"Isso não é verdade. O governo Fernando Henrique enfraqueceu o papel do BB e da Caixa enquanto bancos públicos", rebate Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, lembrando que quando FHC assumiu seu primeiro mandato, em janeiro de 1995, o BB tinha 119.380 funcionários e a Caixa 65.076. Ao deixar o governo, em dezembro de 2002, o número de bancários havia caído drasticamente para 78.619 no BB e 55.691 na Caixa. Em setembro de 2009, no atual governo, os dois bancos públicos federais contavam, respectivamente, com 114.432 e 82.000 trabalhadores.

"Os oito anos do governo FHC foram os mais cruéis para o funcionalismo em toda a história do banco. Foram mais de 50 mil demissões entre 96 e 98, que causaram muito sofrimento a todos trabalhadores e provocaram mais de 20 suicídios em todo o país", lembra Marcel Barros, secretário-geral da Contraf-CUT e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB.

"O banco impôs uma política de congelamento salarial, pela qual o salário-base do funcionalismo teve apenas 3,73% de reajuste durante os oito anos de FHC, para uma inflação de 67,93%, segundo o Dieese.. O BB também acabou unilateralmente com o PCS em 97 e adotou uma postura antissindical truculenta que interditou o diálogo com os sindicatos e a participação dos bancários nas campanhas salariais", destaca.

Enfraquecer para privatizar

Para Plínio Pavão, secretário de Saúde da Contraf-CUT e membro da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa), o objetivo claro era esvaziar o papel dos bancos públicos federais e prepará-los para a privatização. O dirigente lembra que, durante o processo de privatizações do Sistema Telebrás, da Vale do Rio Doce, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e das empresas elétricas, o governo FHC encomendou um estudo para um consórcio formado pelas consultorias Booz-Allen & Hamilton e Fipe, para fazer um diagnóstico dos cinco bancos federais (BB, Caixa, BNDES, Basa e BNB).

O Relatório de Alternativas para a Reorientação Estratégica do Conjunto das Instituições Públicas Federais (IFPFs) foi apresentado ao governo em 2000, portanto na sequência das privatizações dos outros setores.

"O estudo afirmava que as instituições financeiras federais eram ineficientes e propunha várias alternativas ao governo, entre elas a fusão de bancos e a privatização pura e simples", recorda Plínio Pavão. "A exemplo do BB, na Caixa também houve uma política de congelamento de salários, ataque às organizações sindicais e enfraquecimento do quadro funcional", salienta.

Além disso, o governo tucano incentivou a privatização de bancos estaduais, muitos vendidos a preços subavaliados, entre eles Banespa, Banerj, Banestado, Bemge, Bandepe, Baneb e Credireal. Também foi privatizado o Meridional, um banco controlado pela União.

Favorecimento nas privatizações

A afirmação de Fernando Henrique Cardoso em seu artigo de que "libertou" o BB e a Caixa da "politicagem" é outra inverdade. Seu governo favoreceu o consórcio liderado pelo Banco Opportunity de Daniel Dantas nas privatizações do Sistema Telebrás, com o uso de recursos dos fundos de pensão, entre eles a Previ e a Funcef.

"Isso está provado no episódio conhecido como grampos do BNDES, em que o então diretor da Área Internacional do BB, Ricardo Sérgio de Oliveira, admite estar agindo no limite da irresponsabilidade. Foi assim que Daniel Dantas assumiu o controle de várias empresas privatizadas com o dinheiro dos trabalhadores do BB e da Caixa", diz Marcel Barros.

"Para atender os interesses de Daniel Dantas na disputa com os participantes dos fundos de pensão, que eram contrários a esse favorecimento, Fernando Henrique decretou a intervenção na Previ, afastou nossos dirigentes eleitos e mudou o estatuto da entidade em 2002, no último ano de seu mandato", recorda Marcel.

"E para desfazer esses acordos de acionistas nocivos aos fundos de pensão engendrados no governo FHC, o movimento sindical e os dirigentes eleitos da Previ e da Funcef tiveram de travar uma batalha jurídica e política fenomenal, que durou quase uma década", conclui.

Marcel Barros
Secretário da Contraf-CUT

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Como é bom não estar sozinho


O Partido Comunista do Brasil de São José do Norte, através do seu Presidente Sérgio Costa, emitiu nota pública a respeito das graves denúncias proferidas pelo Sr. Ademir Maio, ex-secretário executivo da AHMSF.
Não estamos sozinhos na luta pela verdade. Reitero nosso compromisso por essa incessante busca. Estamos estarrecidos assim como toda a sociedade nortense. Queremos a verdade. Nem mais, nem menos. Apenas a verdade. Como aquele famoso dito popular “Quem não deve, não teme”! Por isso, fomos o primeiro partido a vir a público, por meio de nota oficial, exigindo das autoridades providências no sentido apurar, a fundo, as responsabilidades. Fizemos informação ao Ministério Público Estadual e ao Ministério Público Federal a respeito dos fatos relatados ao Legislativo Nortense pelo ex-secretário, anexando cópias dos documentos e do áudio desta histórica Sessão Plenária, encaminhados pelo gabinete do nosso vereador, o companheiro Lauro Bittencourt. Encaminhamos também à Assessoria Jurídica do Diretório Estadual do PT em Porto Alegre para análise e respectivas providências cabíveis.
Saudamos com muito entusiasmo a posição corajosa, como de costume, dos companheiros do PCdoB que se juntam ao PT e a sociedade nortense na busca pela verdade.

Abaixo a transcrição do manifesto do PCdoB nortense.


“Saúde Pública não é prioridade em São José do Norte

Nosso município está em choque com as denúncias que foram feitas pelo ex-secretário do Hospital São Francisco que trabalhou algum tempo nessa Casa de Saúde.
O ex-secretário acusa o governo que está a frente do Município de desviar verba da saúde para outros fins. Tais como promover almoço para deputados, construir pontes e outras coisas mais.
Todos nós sabemos como a saúde é precária em nosso município. Por isso, nós do PC do B viemos a público demonstrar nosso repúdio a este governo. Como pode um governo que se diz transparente cometer tamanho descaso com a saúde pública?
Nós do PC do B esperamos que os vereadores que compõem a Câmara Municipal tomem as medidas necessárias para que as denúncias sejam apuradas, a final eles são os representantes do povo.
Esta é a hora dos vereadores prestarem um grande serviço à comunidade nortense. Nós do PC do B estamos decepcionados com tamanho descaso com a saúde do nosso povo. Um povo na sua maioria pobre e carente de saúde.
Se este governo não prioriza a saúde que é o maior bem que uma pessoa pode ter, então este governo não é digno de nos governar.
Nós do PC do B estamos vigilantes.

Sérgio Costa
Presidente do Partido Comunista do Brasil – PcdoB
São José do Norte - RS"

terça-feira, 13 de abril de 2010

Os Dez Mandamentos

Os Mandamentos abaixo elencados têm um denominador comum: todos já foram experimentados e estão sendo aplicados em diversas regiões do mundo, setores ou instâncias de atividade. São iniciativas que deram certo, e cuja generalização, com as devidas adaptações e flexibilidade em função da diversidade planetária, é hoje viável. O artigo é de Ladislau Dowbor.



Como sociedade, desejamos não somente sobreviver, mas viver com qualidade de vida, e porque não, com felicidade. E isto implica elencarmos de forma ordenada os resultados mínimos a serem atingidos, com os processos decisórios correspondentes. Os Mandamentos abaixo elencados têm um denominador comum: todos já foram experimentados e estão sendo aplicados em diversas regiões do mundo, setores ou instâncias de atividade. São iniciativas que deram certo, e cuja generalização, com as devidas adaptações e flexibilidade em função da diversidade planetária, é hoje viável. Não temos a ilusão relativamente à distância entre a realidade política de hoje e as medidas sistematizadas abaixo. Mas pareceu-nos essencial, de toda forma, elencar de forma organizada as medidas necessárias, pois ter um norte mais claro ajuda na construção de uma outra governança planetária. Não estão ordenadas por ordem de importância, pois a maioria tem implicações simultâneas e dimensões interativas. Mas todos os mandamentos deverão ser obedecidos, pois a ira dos elementos nos atingirá a todos, sem precisar esperar a outra vida.

Considerando que a obediência à versão original dos Dez Mandamentos foi apenas aleatória, desta vez o Autor teve a prudência de acrescentar a cada Mandamento uma nota de explicação, destinada em particular aos impenitentes.

I – Não comprarás os Representantes do Povo
Resgatar a dimensão pública do Estado: Como podemos ter mecanismos reguladores que funcionem se é o dinheiro das corporações a regular que elege os reguladores? Se as agências que avaliam risco são pagas por quem cria o risco? Se é aceitável que os responsáveis de um banco central venham das empresas que precisam ser reguladas, e voltem para nelas encontrar emprego?

Uma das propostas mais evidentes da última crise financeira, e que encontramos mencionada em quase todo o espectro político, é a necessidade de se reduzir a capacidade das corporações privadas ditarem as regras do jogo. A quantidade de leis aprovadas no sentido de reduzir impostos sobre transações financeiras, de reduzir a regulação de banco central, de autorizar os bancos a fazerem toda e qualquer operação, somado com o poder dos lobbies financeiros tornam evidente a necessidade de se resgatar o poder regulador do estado, e para isto os políticos devem ser eleitos por pessoas de verdade, e não por pessoas jurídicas, que constituem ficções em termos de direitos humanos. Enquanto não tivermos financiamento público das campanhas, políticas que representem os interesses dos cidadãos, prevalecerão os interesses econômicos de curto prazo, os desastres ambientais e a corrupção.

II – Não Farás Contas erradas
As contas têm de refletir os objetivos que visamos. O PIB indica a intensidade do uso do aparelho produtivo, mas não nos indica a utilidade do que se produz, para quem, e com que custos para o estoque de bens naturais de que o planeta dispõe. Conta como aumento do PIB um desastre ambiental, o aumento de doenças, o cerceamento de acesso a bens livres. O IDH já foi um imenso avanço, mas temos de evoluir para uma contabilidade integrada dos resultados efetivos dos nossos esforços, e particularmente da alocação de recursos financeiros, em função de um desenvolvimento que não seja apenas economicamente viável, mas também socialmente justo e ambientalmente sustentável. As metodologias existem, aplicadas parcialmente em diversos países, setores ou pesquisas.

A ampliação dos indicadores internacionais como o IDH, a generalização de indicadores nacionais como os Calvert-Henderson Quality of Life Indicators nos Estados Unidos, as propostas da Comissão Stiglitz/Sen/Fitoussi, o movimento FIB – Felicidade Interna Bruta – todos apontam para uma reformulação das contas. A adoção em todas as cidades de indicadores locais de qualidade de vida – veja-se os Jacksonville Quality of Life Progress Indicators – tornou-se hoje indispensável para que seja medido o que efetivamente interessa: o desenvolvimento sustentável, o resultado em termos de qualidade de vida da população. Muito mais do que o produto (output), trata-se de medir o resultado (outcome).

III – Não Reduzirás o Próximo à Miséria
Algumas coisas não podem faltar a ninguém. A pobreza crítica é o drama maior, tanto pelo sofrimento que causa em si, como pela articulação com os dramas ambientais, o não acesso ao conhecimento, a deformação do perfil de produção que se desinteressa das necessidades dos que não têm capacidade aquisitiva. A ONU calcula que custaria 300 bilhões de dólares (no valor do ano 2000) tirar da miséria um bilhão de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia. São custos ridículos quando se considera os trilhões transferidos para grupos econômicos financeiros no quadro da última crise financeira. O benefício ético é imenso, pois é inaceitável morrerem de causas ridículas 10 milhões de crianças por ano. O benefício de curto e médio prazo é grande, na medida em que os recursos direcionados à base da pirâmide dinamizam imediatamente a micro e pequena produção, agindo como processo anticíclico, como se tem constatado nas políticas sociais de muitos países. No mais longo prazo, será uma geração de crianças que terão sido alimentadas decentemente, o que se transforma em melhor aproveitamento escolar e maior produtividade na vida adulta. Em termos de estabilidade política e de segurança geral, os impactos são óbvios. Trata-se do dinheiro mais bem investido que se possa imaginar, e as experiências brasileira, mexicana e de outros países já nos forneceram todo o know-how correspondente. A teoria tão popular de que o pobre se acomoda se receber ajuda, é simplesmente desmentida pelos fatos: sair da miséria estimula, e o dinheiro é simplesmente mais útil onde é mais necessário.

IV – Não Privarás Ninguém do Direito de Ganhar o seu Pão
Universalizar a garantia do emprego é viável. Toda pessoa que queira ganhar o pão da sua família deve poder ter acesso ao trabalho. Num planeta onde há um mundo de coisas a fazer, inclusive para resgatar o meio ambiente, é absurdo o número de pessoas sem acesso a formas organizadas de produzir e gerar renda. Temos os recursos e os conhecimentos técnicos e organizacionais para assegurar, em cada vila ou cidade, acesso a um trabalho decente e socialmente útil. As experiências de Maharashtra na Índia demonstraram a sua viabilidade, como o mostram as numerosas experiências brasileiras, sem falar no New Deal da crise dos anos 1930. São opções onde todos ganham: o município melhora o saneamento básico, a moradia, a manutenção urbana, a policultura alimentar. As famílias passam a poder viver decentemente, e a sociedade passa a ser melhor estruturada e menos tensionada. Os gastos com seguro-desemprego se reduzem. No caso indiano, cada vila ou cidade é obrigada a ter um cadastro de iniciativas intensivas em mão de obra.

Dinheiro emprestado ou criado desta forma representa investimento, melhoria de qualidade de vida, e dá excelente retorno. E argumento fundamental: assegura que todos tenham o seu lugar para participar na construção de um desenvolvimento sustentável. Na organização econômica, além do resultado produtivo, é essencial pensar no processo estruturador ou desestruturador gerado. A pesca oceânica industrial pode ser mais produtiva em volume de peixe, mas o processo é desastroso, tanto para a vida no mar como para centenas de milhões de pessoas que viviam da pesca tradicional. A dimensão de geração de emprego de todas as iniciativas econômicas tem de se tornar central. Assegurar a contribuição produtiva de todos, ao mesmo tempo que se augmenta gradualmente o salário mínimo e se reduz a jornada, leva simplesmente a uma prosperidade mais democrática.

V – Não Trabalharás Mais de Quarenta Horas
Podemos trabalhar menos, e trabalharemos todos, com tempo para fazermos mais coisas interessantes na vida. A sub-utilização da força de trabalho é um problema planetário, ainda que desigual na sua gravidade. No Brasil, conforme vimos, com 100 milhões de pessoas na PEA, temos 31 milhões formalmente empregadas no setor privado, e 9 milhões de empregados públicos. A conta não fecha. O setor informal situa-se na ordem de 50% da PEA. Uma imensa parte da nação “se vira” para sobreviver. No lado dos empregos de ponta, as pessoas não vivem por excesso de carga de trabalho. Não se trata aqui de uma exigência de luxo: são incontáveis os suicídios nas empresas onde a corrida pela eficiência se tornou simplesmente desumana. O stress profissional está se tornando uma doença planetária, e a questão da qualidade de vida no trabalho passa a ocupar um espaço central. A redistribuição social da carga de trabalho torna-se hoje uma necessidade. As resistências são compreensíveis, mas a realidade é que com os avanços da tecnologia os processos produtivos tornam-se cada vez menos intensivos em mão de obra, e reduzir a jornada é uma questão de tempo. Não podemos continuar a basear o nosso desenvolvimento em ilhas tecnológicas ultramodernas enquanto se gera uma massa de excluídos, inclusive porque se trata de equilibrar a remuneração e, consequentemente, a demanda. A redução da jornada não reduzirá o bem estar ou a riqueza da população, e sim a deslocará para novos setores mais centrados no uso do tempo livre, com mais atividades de cultura e lazer. Não precisamos necessariamente de mais carros e de mais bonecas Barbie, precisamos sim de mais qualidade de vida.

VI – Não Viverás para o Dinheiro
A mudança de comportamento, de estilo de vida, não constitui um sacrifício, e sim um resgate do bom senso. Neste planeta de 7 bilhões de habitantes, com um aumento anual da ordem de 75 milhões, toda política envolve também uma mudança de comportamento individual e da cultura do consumo. O respeito às normas ambientais, a moderação do consumo, o cuidado no endividamento, o uso inteligente dos meios de transporte, a generalização da reciclagem, a redução do desperdício – há um conjunto de formas de organização do nosso cotidiano que passa por uma mudança de valores e de atitudes frente aos desafios econômicos, sociais e ambientais.

No apagão energético do final dos anos 90 no Brasil, constatou-se como uma boa campanha informativa, o papel colaborativo da mídia, e a punição sistemática dos excessos permitiu uma racionalização generalizada do uso doméstico da energia. Esta dimensão da solução dos problemas é essencial, e envolve tanto uma legislação adequada, como sobretudo uma participação ativa da mídia.

Hoje 95% dos domicílios no Brasil têm televisão, e o uso informativo inteligente deste e de outros meios de comunicação tornou-se fundamental. Frente aos esforços necessários para reequilibrar o planeta, não basta reduzir o martelamento publicitário que apela para o consumismo desenfreado, é preciso generalizar as dimensões informativas dos meios de comunicação. A mídia científica praticamente desapareceu, os noticiários navegam no atrativo da criminalidade, quando precisamos vitalmente de uma população informada sobre os desafios reais que enfrentamos. A pergunta a se fazer a cada ato de conusmo, não é só se “é bom para mim”, mas se é bem para o planeta e o bem comum, e buscar um equilíbrio razoável. A opção individual é essencial, mas não suficiente.

Grande parte da mudança do comportamento individual depende de ações públicas: as pessoas não deixarão o carro em casa (ou deixarão de tê-lo) se não houver transporte público, não farão reciclagem se não houver sistemas adequados de coleta. Precisamos de uma política pública de mudança do comportamento individual.

VII – Não Ganharás Dinheiro com o Dinheiro dos Outros
Racionalizar os sistemas de intermediação financeira é viável. A alocação final dos recursos financeiros deixou de ser organizada em função dos usos finais de estímulo e orientação de atividades econômicas e sociais, para obedecer às finalidades dos próprios intermediários financeiros. A atividade de crédito é sempre uma atividade pública, seja no quadro das instituições públicas, seja no quadro dos bancos privados que trabalham com dinheiro do público, e que para tanto precisam de uma carta-patente que os autorize a ganhar dinheiro com dinheiro dos outros. A recente crise financeira de 2008 demonstrou com clareza o caos que gera a ausência de mecanismos confiáveis de regulação no setor. Nas últimas duas décadas, temos saltado de bolha em bolha, de crise em crise, sem que a relação de forças permita a reformulação do sistema de regulação em função da produtividade sistêmica dos recursos. Enquanto não se gera uma relação de forças mais favorável, precisamos batalhar os sistemas nacionais de regulação financeira. O dinheiro não é mais produtivo onde rende mais para o intermediário: devemos buscar a produtividade sistêmica de um recurso que é público.

A Coréia do Sul abriu recentemente um financiamento de 36 bilhões de dólares para financiar transporte coletivo e alternativas energéticas, gerando com isto 960 mil empregos. O impacto positivo é ambiental pela redução de emissões, é anti-cíclico pela dinamização da demanda, é social pela redução do desemprego e pela renda gerada, é tecnológico pelas inovações que gera nos processos produtivos mais limpos. Tem inclusive um impacto raramente considerado, que é a redução do tempo vida que as pessoas desperdiçam no transporte. Trata-se aqui, evidentemente, de financiamento público, pois os bancos comerciais não teriam esta preocupação, nem esta visão sistêmica. (UNEP,Global Green New Deal, 2009). Em última instância, os recursos devem ser tornados mais acessíveis segundo que os objetivos do seu uso sejam mais produtivos em termos sistêmicos, visando um desenvolvimento mais inclusivo e mais sustentável. A intermediação financeira é um meio, não é um fim.

Particular atenção precisa ser dada aos intermediários que ganham apenas nos fluxos entre outros intermediários – com papéis que representam direitos sobre outros papéis – e que têm tudo a ganhar com a maximização dos fluxos, pois são remunerados por comissões sobre o volume e ganhos, e geram portanto volatilidade e pro-ciclicidade, com os monumentais volumes que nos levaram por exemplo a valores em derivativos da ordem de 863 trilhões de dólares em junho de 2008, 15 vezes o PIB mundial. A intermediação especulativa – diferentemente das intermediação de compras e vendas entre produtores e utilizadores finais – apenas gera uma pirâmide especulativa e insegurança, além de desorganizar os mercados e as políticas econômicas (1).

VIII – Não Tributarás Boas Iniciativas
A filosofia do imposto, de quem se cobra, e a quem se aloca, precisa ser revista. Uma política tributária equilibrada na cobrança, e reorientada na aplicação dos recursos, constitui um dos instrumentos fundamentais de que dispomos, sobretudo porque pode ser promovida por mecanismos democráticos. O eixo central não está na redução dos impostos, e sim na cobrança socialmente mais justa e na alocação mais produtiva em termos sociais e ambientais. A taxação das transações especulativas (nacionais ou internacionais) deverá gerar fundos para financiar uma série de políticas essenciais para o reequilíbrio social e ambiental. O imposto sobre grandes fortunas é hoje essencial para reduzir o poder político das dinastias econômicas (10% das famílias do planeta é dono de 90% do patrimônio familiar acumulado no planeta). O imposto sobre a herança é fundamental para dar chances a partilhas mais equilibradas para as sucessivas gerações. O imposto sobre a renda deve adquirir mais peso relativamente aos impostos indiretos, com alíquotas que permitam efetivamente redistribuir a renda. É importante lembrar que as grandes fortunas do planeta em geral estão vinculadas não a um acréscimo de capacidades produtivas do planeta, e sim à aquisição maior de empresas por um só grupo, gerando uma pirâmide cada vez mais instável e menos governável de propriedades cruzadas, impérios onde a grande luta é pelo controle do poder financeiro, político e midiático, e a apropriação de recursos naturais.

O sistema tributário tem de ser reformulado no sentido anti-cíclico, privilegiando atividades produtivas e penalizando as especulativas; no sentido do maior equilíbrio social ao ser fortemente progressivo; e no sentido de proteção ambiental ao taxar emissões tóxicas ou geradoras de mudança climática, bem como o uso de recursos naturais não renováveis (2).

O poder redistributivo do Estado é grande, tanto pelas políticas que executa – por exemplo as políticas de saúde, lazer, saneamento e outras infra-estruturas sociais que melhoram o nível de consumo coletivo – como pelas que pode fomentar, como opções energéticas, inclusão digital e assim por diante. Fundamental também é a política redistributiva que envolve política salarial, de previdência, de crédito, de preços, de emprego.

A forte presença das corporações junto ao poder político constitui um dos entraves principais ao equilíbrio na alocação de recursos. O essencial é assegurar que todas as propostas de alocação de recursos sejam analisadas pelo triplo enfoque econômico, social e ambiental. No caso brasileiro, constatou-se com as recentes políticas sociais (“Bolsa-Família”, políticas de previdência etc.) que volumes relativamente limitados de recursos, quando chegam à “base da pirâmide”, são incomparavelmente mais produtivos, tanto em termos de redução de situações críticas e consequente aumento de qualidade de vida, como pela dinamização de atividades econômicas induzidas pela demanda local. A democratização aqui é fundamental. A apropriação dos mecanismos decisórios sobre a alocação de recursos públicos está no centro dos processos de corrupção, envolvendo as grandes bancadas corporativas, por sua vez ancoradas no financiamento privado das campanhas.

IX – Não Privarás o Próximo do Direito ao Conhecimento
Travar o acesso ao conhecimento e às tecnologias sustentáveis não faz o mínimo sentido. A participação efetiva das populações nos processos de desenvolvimento sustentável envolve um denso sistema de acesso público e gratuito à informação necessária. A conectividade planetária que as novas tecnologias permitem constitui uma ampla via de acesso direto. O custo-benefício da inclusão digital generalizada é simplesmente imbatível, pois é um programa que desonera as instâncias administrativas superiores, na medida em que as comunidades com acesso à informação se tornam sujeitos do seu próprio desenvolvimento. A rapidez da apropriação deste tipo de tecnologia até nas regiões mais pobres se constata na propagação do celular, das lan houses mais modestas. O impacto produtivo é imenso para os pequenos produtores que passam a ter acesso direto a diversos mercados tanto de insumos como de venda, escapando aos diversos sistemas de atravessadores comerciais e financeiros. A inclusão digital generalizada é um destravador potente do conjunto do processo de mudança que hoje se torna indispensável.

O mundo frequentemente esquece que 2 bilhões de pessoas ainda cozinham com lenha, área em que há inovações significativas no aproveitamento calórico por meio de fogões melhorados. Tecnologias como o sistema de cisternas do Nordeste, de aproveitamento da biomassa, de sistemas menos agressivos de proteção dos cultivos etc., constituem um vetor de mudança da cultura dos processos produtivos. A criação de redes de núcleos de fomento tecnológico online, com ampla capilaridade, pode se inspirar da experiência da Índia, onde foram criados núcleos em praticamente todas as vilas do país. O World Economic and Social Survey 2009 é particularmente eloquente ao defender a flexibilização de patentes no sentido de assegurar ao conjunto da população mundial o acesso às informações indispensáveis para as mudanças tecnológicas exigidas por um desenvolvimento sustentável.

X – Não Controlarás a Palavra do Próximo
Democratizar a comunicação tornou-se essencial. A comunicação é uma das áreas que mais explodiu em termos de peso relativo nas transformações da sociedade. Estamos em permanência cercados de mensagens. As nossas crianças passam horas submetidas à publicidade ostensiva ou disfarçada. A indústria da comunicação, com sua fantástica concentração internacional e nacional - e a sua crescente interação entre os dois níveis - gerou uma máquina de fabricar estilos de vida, um consumismo obsessivo que reforça o elitismo, as desigualdades, o desperdício de recursos como símbolo de sucesso. O sistema circular permite que os custos sejam embutidos nos preços dos produtos que nos incitam a comprar, e ficamos envoltos em um cacarejo permanente de mensagens idiotas pagas do nosso bolso. Mais recentemente, a corporação utiliza este caminho para falar bem de si, para se apresentar como sustentável e, de forma mais ampla, como boa pessoa. O espectro eletromagnético em que estas mensagens navegam é público, e o acesso a uma informação inteligente e gratuita para todo o planeta, é simplesmente viável. Expandindo gradualmente as inúmeras formas alternativas de mídia que surgem por toda parte, há como introduzir uma cultura nova, outras visões de mundo, cultura diversificada e não pasteurizada, pluralismo em vez de fundamentalismos religiosos ou comerciais.

O fato que mais inspira esperança é a multiplicação impressionante de iniciativas nos planos da tecnologia, dos sistemas de gestão local, do uso da internet para democratizar o conhecimento, da descoberta de novas formas de produção menos agressivas, de formas mais equilibradas de acesso aos recursos. O Brasil neste plano tem mostrado que começar a construir uma vida mais digna para o “andar de baixo”, para os dois terços de excluídos, não gera tragédias para os ricos. Inclusive, numa sociedade mais equilibrada, todos passarão a viver melhor. Tolerar um mundo onde um bilhão de pessoas passam fome, onde 10 milhões de crianças morrem anualmente de causas ridículas, e onde se dilapidam os recursos naturais das próximas gerações, em proveito de fortunas irresponsáveis, já não é possível.

Nesta época interativa, o Altíssimo declarou-se disposto a considerar outros Mandamentos. Sendo o Secretariado do Altíssimo hoje bem equipado, os que por acaso tenham sugestões ou necessitem consultar documentos mais completos, poderão se instruir com outros Assessores, em linha direta sob www.criseoportunidade.wordpress.com. Críticas, naturalmente, deverão ser endereçadas a Instâncias Superiores. Apreciações positivas e sugestões de outros Mandamentos poderão ser enviadas ao blog acima citado, ou no e-mail ladislau@dowbor.org

NOTAS

(1) BIS Quarterly Review, December 2008, Naohiko Baba et al., www.bis.org/publ/qtrpdf/r_qt0812b.pdf p. 26: “In November, the BIS released the latest statistics based on positions as at end-june 2008 in the global over-the-counter (OTC) derivatives markets. The notional amounts outstanding of OTC derivatives continued to expand in the first half of 2008. Notional amounts of all types of OTC contracts stood at $863 trillion at the end of June, 21% higher than six months before”. São 863 trilhões de dólares de derivativos emitidos, frente a um PÌB mundial de cerca de 60 trilhões.

(2) Susan George traz uma ilustração convincente: um bilionário que aplica o seu dinheiro com uma conservadora remuneração de 5% ao ano, aumenta a sua fortuna em 137 mil dólares por dia. Taxar este tipo de ganhos não é “aumentar os impostos”, é corrigir absurdos.

O mal do mundo

Um verdadeiro comunista é um cristão, embora não o saiba, e um verdadeiro cristão é um comunista, embora não o queira. Ambos cultivamos a igualdade, porque sem ela não temos todos como sobreviver.

O homem mau dorme bem, diz a lenda. Geralmente durmo bem e não me consta que eu seja mau. Até evito pisar em formiga, embora seja, de certo modo, alvo de algumas maldades, de que nem reclamo ao ver o tamanho e a quantidade das maldades que nos cercam no mundo que não me atingem, atingindo em cheio tantos mais de nossos semelhantes.

E não estou a falar das tragédias e das catástrofes que tanto animam e alimentam a mídia pátria. Parece que não lhe interessa outro assunto que não os mortos, os feridos e os escombros que vão buscar no mais longínquo chão, quando não no nosso.

No nosso até faz algum sentido, pode ser que algo esteja ao meu alcance, se não serve somente para sublinhar a nossa pequenez de gente face a enormidade do universo e à intimidação dos desastres naturais e dos não tão naturais, como as guerras e o avião espatifado no Himalaia.

Bem sei que somos os brasileiros privilegiados. Aqui a natureza é pródiga, ela não nos aflige, ao contrário, este é o mais rico rincão do planeta, aqui só nos afligimos uns com os outros, e, na verdade, poucos afligem mais os muitos. Mas que o que querem é nos intimidar, logo a nós, seus fregueses, disso não tenho a menor dúvida.

Há algum tempo, dizia-se de alguns papéis que se torcer dá sangue. Não sei como torcer os noticiários de TV, todos idênticos, mas que daria daria, muito, quase só, e dos outros, claro, porque o deles fica sempre protegido naquela limpeza hígida e luxuosa de cenários virtuais.

Fora isso, ou entre isso, tome de comerciais que pelo preço somente alcançam, de fato, os privilegiados, gerando na imensa maioria de desprivilegiados o mesmo sentimento de pequenez e de intimidação que os excessos da natureza.

Carro só se for do ano, afora serem a crescente desgraça do convívio urbano. Gostava mais dos exclusivos desenhos de cada qual, um gordini, um dkw, um fusca, que essa atual robustez igual em todos, não sei se efetiva, justificada, segundo dizem, pelo melhor desempenho, que tampouco sei pra que serve, engarrafados uns trás os outros, nos cada vez menores espaços das cidades. Neles, como em tudo e por tudo, acabamos escravizados pelas marcas industriais e por elas marcados.

Sei que sou um privilegiado. Privilégio significa o que é privativo, o que não é de todos, é o que priva os demais do que só nós podemos ter. Quando menino, um enteado meu, na volta da escola privada a poucos quarteirões de casa foi despojado por um ou uns outros meninos de seu tênis de marca. Imagino que ninguém o despojaria de um calçado comum ou até sim, no andar da carruagem em que andamos.

Para manter os nossos privilégios que insistimos em aumentar e o desprivilégio geral, teremos que, cada vez mais, circunscrever nossos andares, cada vez mais nos privarmos de andar perto aos desprivilegiados, nós, aterrados em frente às tevês cuspindo sangue. Ou não: tivéssemos todos o que necessitamos e não o que nos mandam ter, nem privilegiados, nem desprivilegiados.

Algo no gênero do que ouvi dizer: um verdadeiro comunista é um cristão, embora não o saiba, e um verdadeiro cristão é um comunista, embora não o queira. Ambos cultivamos a igualdade, porque sem ela não temos todos como sobreviver. Como dizia o Conselheiro: quem estiver de sapato não sobra.

Por Sérgio Santero.

Platão tinha razão...

¨Quando os pais se habituam a deixar seus filhos a fazerem o que quiserem,
quando os mestres tremem diante dos alunos e de seus pais e preferem agradá-los,
quando os jovens desprezarem as leis e não reconhecem mais a autoridade de ninguém acima deles,
então é o começo da tirania¨
Platão ( + ou - 334 a.c )