domingo, 12 de abril de 2009

O esporte merece ser tratado como política pública

Com o passar dos anos, infelizmente, temos acompanhado a queda expressiva do futebol amador de São José do Norte, por uma série de fatores que praticamente todos desportistas, torcedores, abnegados diretores e colaboradores dos clubes sabem quais são.
Um certame que teve mais de trinta equipes disputando um longo campeonato que movimentava todas as comunidades do município a partir da 5ª Secção da Barra até o Capão da Areia e com reconhecimento regional, pois por nossos gramados passaram atletas de alguns municípios da região sul.
Por vários anos tivemos o privilégio de assistir e torcer por nossas equipes nestas condições. Porém, o tempo foi passando, o município empobrecendo, a Prefeitura, como sempre, se omitindo e os clubes se equivocaram ao inverter a ordem de amador para semiprofissional, ao pagarem valores absurdos em si tratando de futebol amador. Entre outras circunstâncias que merecem um debate profundo para tentarmos reestruturar o amador nortense um dos campeonatos mais tradicionais do estado.
Nós que moramos aqui na aldeia compreendemos o significado do futebol, sobretudo para as comunidades do interior, que ultrapassa o giro da roda da economia, pois sabemos que o esporte movimenta recursos financeiros consideráveis, mas além disso, ainda é o maior mecanismo de lazer e entretenimento que o município pode oferecer para esta gente. A pergunta é por que a municipalidade não se empenha para fazer melhor? Já que emprega dinheiro público na manutenção de um Departamento Municipal de Esportes que funciona muito abaixo da expectativa.
Por outro lado, aqueles diretores abnegados de clubes que ainda resistem, muitas vezes tirando dinheiro dos seus bolsos por amor as suas agremiações, devem rever seus conceitos e posturas no que tange a remuneração de atletas, pois os dirigentes são co-responsáveis por esta triste conjuntura vivida nos dias atuais pelo futebol amador, a cada ano que passa com menos clubes se propondo a participar da competição, em virtude dos elevados custos de manutenção das equipes e estruturas.
Urge a necessidade de implantar uma nova cultura em nossos clubes antes que o futebol “amador” acabe por estas bandas. E para isso os dirigentes precisam ter a coragem, de líderes que são em suas comunidades, de reunir as pessoas em prol da causa dos seus clubes, de valorizarem os jovens atletas do lugar, pois estes vestem com amor as camisas de seus clubes e geram economia, porque são de casa. O momento é de reinvenção do futebol com atitudes simples, porém de resultados enormes. É tempo de valorizar a prata da casa e unir as pessoas em torno das agremiações para que elas possam continuar existindo e estas pessoas terem aonde ir aos domingos à tarde.
O futebol amador em São José do Norte contempla a peculiaridade de ser inegavelmente um aglutinador social, o que perpassa o âmbito competitivo.
É por desfrutar deste sentimento que este humilde blogueiro manifesta sua preocupação com o estado de agonia em que se encontra o futebol amador de nosso município. O abenegado desportista e homem de imprensa Adão Renato manifesta em sua coluna Resenha Nortense do Jornal Agora sua preocupação, pois a Copa dos Campeões, bela competição que premia os campeões do município com a possibilidade de se tornarem o Campeão dos Campeões, corre o risco de não acontecer, pela falta de participantes. O momento é preocupante e o sinal de alerta já deveria estar ligado, antes que o pior aconteça.
Acredito que o salto a ser dado deve ser desencadeado por gestão. Não é mais aceitável que o município assista a tudo isso e continue INERTE, sem nada fazer, a espera de um milagre. O nome deste milagre chama-se TRABALHO E RESPEITO PELO ESPORTE. O ESPORTE PRECISA SER TRATADO COMO POLÍTICA PÚBLICA E NÃO COMO DESPESA, FORMA QUE É VISTO POR ALGUNS IGNORANTES AQUI NO NORTE, PARA NOSSA TRISTEZA. O município precisa constituir o FUNDO MUNICIPAL DO ESPORTE para dar a contrapartida financeira a sua política esportiva. Um DME para dar “BOCA” a apoiadores políticos não é suficiente para atender a demanda. Tem que alocar recurso e gente preparada para buscar o que falta. É preciso mais, muito mais. E este mais, além do Fundo impõe a criação de um Conselho Municipal de Esporte, organismo paritário entre o governo e desportistas para que se planeje e implemente definitivamente uma política esportiva no município de curto, médio e longo prazos para que comecemos a sair deste estágio de marasmo, inércia, descaso e agonia.
Neste sentido, devemos considerar ainda a recente legislação federal promulgada pelo Presidente Lula, a LEI DE INCENTIVO AO ESPORTE, a qual São José do Norte deve se preparar para fazer uso, visando o co-financiamento de sua política esportiva.
Nem cabe referenciar a economia, em termos de saúde pública, que o esporte oferece, pois o investimento é baixo, facilmente comparável ao avaliarmos a famosa relação custo x benefício, inerente a qualquer aporte desta ordem. Há que se destacar ainda, o papel fundamental do esporte como ingrediente de formação ao indivíduo, em todas as fases da sua vida, principalmente àqueles que estão em desenvolvimento, mais suscetíveis à praga das drogas, por exemplo, que por conseqüência os leva de brinde à criminalidade.
Por tudo isto é urgente, para ontem mesmo, o trato que deve ser dispensado ao esporte: respeito e inteligência. Que a ignorância e a incapacidade não mais persistam por aqui. Definitivamente o ESPORTE DEVE SER TRATADO COMO POLÍTICA PÚBLICA.

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