Dia especial

Ontem foi realmente um dia especial para mim. Defendi meu artigo de especialização em Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação da FURG – UAB obtendo a aprovação. Assim como os demais colegas dos pólos de São José do Norte, Mostardas, Santo Antônio da Patrulha, Santa Vitória do Palmar e de São Lourenço do Sul. A minha dissertação deu-se em cima de uma prática da minha amiga de sempre Verinha Pedone realizada no Instituto Estadual de Educação São José no segundo semestre de 2007, a qual foi desenvolvida na turma da Professora Selvíria Moraes. O trabalho aborda as TIC’s como meio de incentivo ao desempenho escolar a partir das séries iniciais do Ensino Fundamental. O material fruto da experiência liderada pela Verinha é riquíssimo e nos deixa inúmeras lições, sobretudo a satisfação das crianças no contato com o computador norteado por uma proposta pedagógica adequada mediada pelo docente.
Segundo a previsão do MEC até o fim do ano que vem todas as escolas públicas terão no mínimo um Laboratório de Informática, o que inevitavelmente vai mudar o paradigma educacional do país. A desculpa da falta recurso tecnológico já está caindo por terra. Hoje ainda há a da qualificação. Mas por pouco tempo. E os mestres não podem se queixar, porque já tiveram tempo de sobra para buscarem conhecimentos básicos para iniciar este inevitável processo de inserção das TIC’s na rotina educacional. Calma. Ainda há tempo. Aliás, sempre há tempo, desde que se queira fazer. É verdade que algumas dificuldades surgirão como manutenção de máquinas, instalações adequadas, entre outros fatores, que devem ser interpretados como desafios para os profissionais da educação e, principalmente pelos gestores, responsáveis em desobstruir estes gargalos.
Logicamente que esta conquista só foi possível graças à política pública Universidade Aberta do Brasil desencadeada pelo novo olhar do Ministério da Educação sobre as Universidades Federais. Por determinação de Lula, elas passaram a atender as demandas regionais com Pólos EaD ou extensões fixadas nos municípios que manifestarem interesse, o que sem dúvida gera novas perspectivas e oportunidades.
Como o dever cívico me chama, após o término da minha defesa, não pude perder a oportunidade de manifestar, para todos e todas, a importância do Pólo da UAB da FURG para São José do Norte, para a autoestima dos Nortenses. Não poderia perder esta oportunidade. E não perdi. Coloquei, como filho da terra, de forma absolutamente respeitosa minha opinião, manifestando preocupação quanto ao futuro deste valioso empreendimento educacional em nosso município, que a recém iniciou suas atividades. Tal colocação em meu entendimento é oportuna face as ameaças quanto a oferta de novos cursos, visto que pela ineficaz gestão educacional do município perdemos o técnico de informática em nível médio ofertado pelo CTI na modalidade EaD, pois o município não manifestou interesse. É o que se conclui. Já que outros pólos oferecem e o nosso não. Além disso, recentemente, perdemos, também, imagino que pelos mesmos motivos o curso de especialização em matemática. Fiz questão de deixar claro que esta ingerência não reflete o sentimento da comunidade, muito pelo contrário. Precisamos e muito deste centro de excelência que é a FURG. Aliás, deveríamos estar buscando a implantação da extensão da universidade em solo nortense com cursos voltados para a agricultura, pesca, setor madeireiro e portuário, e não nos limitar a lamentar sucessíveis perdas, como infelizmente vem acontecendo. Outros municípios já enxergaram este caminho e trabalham para fixar a universidade em seus territórios, seja com o Pólo da UAB, ou com a extensão propriamente dita. Já que há essa possibilidade, o ideal seria aproveitá-la da melhor maneira, o que ainda não acontece no nosso caso. A professora da FURG nos disse que São José do Norte foi o único município que não foi ao encontro da Reitoria da Universidade e sim foi o contrário. A FURG veio ao município. É mole? Quanta soberba! E para que? O pior é que as ditas “lideranças” não se manifestam no sentido de consolidar esta conquista. Nem tampouco de aperfeiçoá-la. Parece até que não temos mais os piores indicadores sociais do estado e que, por exemplo, nosso município está livre da drogadição. Qual será o entendimento de futuro destas “lideranças” para a nossa juventude? É terrivelmente preocupante esta micro visão a que hoje estamos submetidos. Desta maneira continuaremos a importar mão-de-obra para ocupar espaços importantes no município e essa prática tende a migrar para a iniciativa privada, a medida que começarem a chegar os investimentos, pois o município não manifesta interesse na busca, manutenção e aperfeiçoamento de espaços públicos de qualificação, como a FURG, por exemplo. Na minha modesta opinião é terminantemente inaceitável perdermos cursos. Temos é que consolidar esta conquista em nosso município, aperfeiçoando-a sempre, para que os nortenses tenham a oportunidade de se qualificar através dela. Então, ao concluir minha fala, pedi que a FURG não desista de São José do Norte, porque nosso município precisa muito dela para se desenvolver.