quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Combater a drogadição parece enxugar gelo, mas não é!!!


Não pretendo aqui abordar mais uma vez a desrespeitosa conduta de algumas lideranças nortenses que novamente optaram em se ausentar do que ouvir, discutir, e/ou debater. Mesmo que a pauta seja complexa e se vislumbrem poucas alternativas, mas sendo agentes públicos e em respeito à população que paga seus vultuosos salários, deveriam ter comparecido. Já devem ter percebido que me refiro a última audiência pública que foi promovida pela Câmara de Vereadores e Assembléia Legislativa no sábado passado no auditório do Ministério Público.
É mais do que necessário. É urgente a ação para que se minimize esta chaga que aflige, mal trata e corrói centenas de famílias independentes de classe social estado afora. Aqui não é diferente.
Por inércia, covardia e omissão estamos perdendo o jogo. Fingimos que nada acontece a nossa volta. Persistimos como se não fosse conosco. Escondidos na falsa certeza de que ela não chegará a nossas casas.
Enquanto isso, diversas pessoas são literalmente abduzidas ao inferno da drogadição. Vivemos o tempo dos “mortos-vivos”.
Acredito radicalmente que droga se combate com prevenção, repressão e tratamento, desencadeados por políticas públicas e com religiosidade.
Este enfrentamento parece até enxugar gelo, mas é imprescindível e precisa ser feito rotineiramente, à exaustão.
O estado tem o dever de ofertar outras possibilidades de escolha aos cidadãos. Sai-lhe muito mais barato se proceder desta forma. Estudos comprovam que um real investido em prevenção significa economia de outros sete no tratamento. A questão é por que não faz? E a sociedade por que não cobra? Por que não muda? Por que perpetua a mesmice? Será que droga não tem bancada? E os porquês se acumulam. Até que ponto queremos de verdade que as coisas mudem? Quando será que perceberemos que nós somos responsáveis pela mesmice que está perpetuada em nosso município e que essa “elite” acha que assim está ótimo, afinal de contas eles estão bem.
Prevenção se faz ao inserir no currículo escolar a pauta através do preparo de professores e da integração dos alunos com a temática. O PROERD de programa tem que ser transformado em lei e deve ser ofertado a todos os alunos da rede pública de ensino. Devemos fomentar a prática do desporto escolar. O município deve dispor de um calendário esportivo escolar permanente que ocupe o jovem no turno inverso ao da escola com a prática esportiva, entre treinamentos e competições. Não venham me dizer que isso é difícil ou caro que não aceito. Se o Prefeito ficasse mais na cidade e fosse menos a Porto Alegre e a Brasília, parte do gasto em diárias inúteis poderia ser aplicada nestas ações. Precisamos de mais espaços para o esporte. Uma quadra em condições para cada bairro no mínimo. Uma pista de corrida de rua, entre outros. As escolas deveriam ser abertas aos finais de semana para oferecer serviços básicos à população, práticas esportivas e culturais. Se formos um pouco inteligentes poderemos realizar, por exemplo, parceria com a Furg que forma professores de educação física que podem estagiar e desenvolverem projetos esportivos com nosso público alvo. Tem o programa esportivo Segundo Tempo do Ministério do Esporte que incrivelmente o Norte ainda não se inseriu. Exemplo da eficácia do esporte é o projeto da Ascon liderado pelo professor Alex que treina jovens corredores de rua em um circuito local que os prepara para competições em outros municípios do estado e os resultados são excelentes. É possível sim, mas tem que trabalhar. Aí é que mora o perigo. Tem gente que gosta de cargo e não é chegado no encargo do seu cargo. Entendeu? Muito além da redundância, constatamos o quadro triste que vivemos de ausência de políticas públicas. Fontes de financiamento não faltam. Aliás, falta é projeto, liderança, comprometimento com as pessoas e com o futuro. Sobram incompetência, despreparo e falta de vontade. O FNDE dispõe de alguns bilhões de reais, mas para botar a mão tem que ter projeto. Precisamos preparar a juventude para o mercado de trabalho e consequentemente de cursos profissionalizantes, da extensão da FURG, do fortalecimento e não o sucateamento da UAB. Nossa educação básica deve gradativamente migrar para o tempo integral, mas para que isso ocorra temos que construir novas escolas na cidade. O MEC dispõe de recursos. Outros municípios têm conseguido e o Norte não por quê? Estes são alguns caminhos que se trilhados num curto espaço de tempo devem propiciar novos horizontes. Com certeza existem outros mais eficazes, basta termos a humildade de buscá-los, a coragem e o desprendimento para torná-los realidade. Estes esforços com certeza se adotados salvarão vidas. Não posso esquecer da relevância do Conselho Municipal Antidrogas. Só não podemos ser ingênuos, muito menos irresponsáveis, ao imaginar que apenas um Conselho Setorial será capaz de minimizar uma demanda reprimida dessa magnitude. O Conselho é uma instância deliberativa que constrói e/ou aponta ações de enfrentamento à anomalia que precisam ser aplicadas pelo Poder Executivo, as chamadas políticas públicas.
Repressão ao tráfico. Isso é imperioso. Para tanto o município deve apoiar no que puder as suas polícias. Por exemplo, cedendo pessoal para o burocrático a fim de que os agentes de segurança possam ir a rua proceder ações investigativas de combate ao crime. Treinar e qualificar constantemente a guarda municipal que pode, se preparada, apoiar o efetivo policial diligenciando nas ruas da cidade. Exigir mais efetivo e recursos às polícias militar e civil no município. Acompanhar e monitorar os indicadores de segurança pública, em especial os da drogadição. Solicitar operações da Polícia Federal no município com mais frequência.
Tratamento aos dependentes e seus familiares. Este é um grande desafio. Creio que uma das alternativas mais viáveis ao município é o aperfeiçoamento do Centro de Atendimento Psicossocial – CAPS de “A” (Álcool) para “AD” (Álcool e Drogas). Consolidar a iniciativa popular “AMOR EXIGENTE” que consiste num grupo de auto-ajuda, onde as famílias e os dependentes compartilham seus anseios, angústias e frustrações, ofertando apoio psicológico diferenciado e reservado às vítimas, além de outros encaminhamentos pertinentes. Construir um espaço no município afastado da cidade para tratamento curativo dos dependentes. Iniciativa que pode ser financiada com recursos provenientes da Secretaria Nacional Antidrogas e/ou emendas parlamentares. Mas tem que agir neste propósito. Construir parcerias com as igrejas da cidade que fazem um trabalho muito além do espiritual e que ajuda significativamente o município. Estreitar os laços com as organizações religiosas, pois muitas delas tratam dependentes e podem, se bem articulado, disponibilizar vagas para tratamento.
A Religiosidade é um importante instrumento de apoio à libertação da drogadição. Os exemplos se acumulam nesse sentido.
Com fé em Deus e trabalho intenso é muito mais fácil vencermos a guerra contra as drogas.

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