terça-feira, 26 de maio de 2009

Quando a agricultura nortense terá a atenção que merece?


Conversando com alguns produtores rurais nortenses que participam do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e da Cooperativa dos Agricultores Familiares a respeito da situação do setor em São José do Norte, percebe-se uma frustração no que tange a falta de interesse do Executivo em gestar políticas públicas à área.
O homem do campo está abandonado. Este é o sentimento mensurado pela inexpressiva atenção dispensada aos produtores rurais publicamente pelo Senhor Prefeito Municipal, que em um dos seus pronunciamentos radiofônicos deixou claro que a agricultura não é prioridade para o seu governo.
Ele prefere obras.
Não é difícil entender o engessamento do setor, a começar pelo titular da pasta que até o momento é o Prefeito, que pouco para no município e o diretor, por mais que se esforce, tem sua atuação limitada pela restrita autonomia. Esta conjunção de fatores provocam a paralisia agrícola que estamos presenciando e a óbvia frustração nos valentes homens e mulheres do campo, que apesar das adversidades persistem na luta.
Cabe destaque a atuação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, instância deliberativa constituída pela representação da sociedade civil, que vem lutando sistematicamente na busca de iniciativas para melhorar o setor, mas esbarra na pouca vontade-ação política do gestor público municipal.
Outro aspecto a ser considerado é que o município não dispõe de um Fundo Municipal de Agricultura, que deveria, pelo menos em parte, financiar a contrapartida local de ações governamentais ou da sociedade civil para fortalecer os investimentos na produção primária a fim de ampliar e/ou diversificar o setor.
O ideal seria que este fundo fosse gestado pelo Conselho Rural, o que desencadearia um salto para o setor, já que os componentes do Conselho são os próprios produtores que conhecem como ninguém as demandas do campo e com certeza apontariam os melhores caminhos.
Hoje, pelo que se sabe, a autonomia no destino do recurso público é zero, pois não existe o Fundo Municipal da Agricultura. Os recursos do setor caem na vala comum do município, não tendo seu retorno garantido para a agricultura, como é o caso, da conhecida “Taxa da Barca”, tarifa pública incidente sobre o escoamento da produção, o que é lamentável e precisa brevemente ser corrigido.
Este ajuste faz-se imperiosamente necessário, pois a agricultura precisa ser tratada como política de estado e não de governo para que não presenciemos mais este tipo de descontentamento, visto que a produção primária ainda é pujante em nosso município. Para tanto, deve receber atenção efetiva e constante através de um projeto construído coletivamente com os atores do setor e não um setor importante como este ficar a mercê do humor do Prefeito Municipal.
Enfatizo a atenção a esta importante vertente econômica como política de estado na continuidade das ações a curto, médio e longo prazo, o que demanda um planejamento eficiente e plural discutido e aprovado por todos, não só pelo gestor. O viés coletivo faz toda diferença. Voltando ao quadro atual vejamos algumas interrogações: Quantas Patrulhas Agrícolas têm São José do Norte? Quantas estão à disposição dos grupos comunitários? Qual o apoio que o município dá no uso destes equipamentos aos produtores? O abatedouro de frango caipira não está funcionando por quê? O que faz o município para resolver esta questão? A Agroindústria para processar cebola e outros produtos não está operando por quê? E o município tomou qual atitude para resolver o problema?
Provavelmente há mais questões a serem levantadas, assim como as supra estão no ar aguardando respostas, o que já é mais que suficiente para dimensionar o quadro que assola o setor em nosso município.
Persiste o questionamento: quando a agricultura nortense terá a atenção que merece?

Um comentário:

Fernanda disse...
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